São "cravos", senhores!
25 de Abril - - - - -------- - ---- - - - -
Esta é a madrugada que eu esperava ----------------- - -
O dia inicial inteiro e limpo - - - - -- - ----- ---- -- - - -
Onde emergimos da noite e do silêncio ---------- - - -
E livres habitamos a substância do tempo -------- -- --
Sophya de Mello Breyner --- -
Esta é a madrugada que eu esperava ----------------- - -
O dia inicial inteiro e limpo - - - - -- - ----- ---- -- - - -
Onde emergimos da noite e do silêncio ---------- - - -
E livres habitamos a substância do tempo -------- -- --
Sophya de Mello Breyner --- -
E a madrugada acordou iluminada por cravos que não saíam disparados da revolta, semeando um mar de esperança pelos cinco cantos do Império.
E o sol brilhou.
Veio o dia inicial inteiro e limpo e até parecia que jamais a noite iria chegar ao cantinho onde se apeou o regime que à liberdade de expressão riscava a lápis.
E o povo acreditou.
Em menos décadas do que as que durou a noite da censura, o dia mostrou-se fatigado.
Uma escuridão prematura começou a descer sobre o jardim. Da madrugada inteira e limpa, já só resta a penumbra com tendência para uma noite colorida de fantasias onde a maioria do país se sentirá cega. Ah, e também resta algo a que alguns chamam de liberdade, mesmo que se sinta muita liberdade de expressão a brotar submetida a interesses concentrados na substância do tempo, e de democracia habitada de alternâncias monopolares e neputismos partidários a rodar em ciclos viciosos, sempre de sentido único, a que até a oposição se abraça ou, pelo menos, assim parece.
Sente-se que as águas dos valores, éticos, morais, do interesse geral acima das minorias já engordadas, não correm neste rio que emergiu da noite e do silêncio.
Afinal, bem vistas as coisas, foi apenas uma revolta que necessitou de um acto de vingança pela ameaça da carreira para acender a alma dos heróis da mudança prometida, logo arrebanhada pelas raposas e lobos, que aconteceu naquela madrugada.
Afinal, não houve revolução.
Ah poeta, deverias cá estar para nos cantar, como só tu o saberias fazer, esta desesperança em que mergulhámos.
E o povo?
Foram “cravos”, senhores!
E o sol brilhou.
Veio o dia inicial inteiro e limpo e até parecia que jamais a noite iria chegar ao cantinho onde se apeou o regime que à liberdade de expressão riscava a lápis.
E o povo acreditou.
Em menos décadas do que as que durou a noite da censura, o dia mostrou-se fatigado.
Uma escuridão prematura começou a descer sobre o jardim. Da madrugada inteira e limpa, já só resta a penumbra com tendência para uma noite colorida de fantasias onde a maioria do país se sentirá cega. Ah, e também resta algo a que alguns chamam de liberdade, mesmo que se sinta muita liberdade de expressão a brotar submetida a interesses concentrados na substância do tempo, e de democracia habitada de alternâncias monopolares e neputismos partidários a rodar em ciclos viciosos, sempre de sentido único, a que até a oposição se abraça ou, pelo menos, assim parece.
Sente-se que as águas dos valores, éticos, morais, do interesse geral acima das minorias já engordadas, não correm neste rio que emergiu da noite e do silêncio.
Afinal, bem vistas as coisas, foi apenas uma revolta que necessitou de um acto de vingança pela ameaça da carreira para acender a alma dos heróis da mudança prometida, logo arrebanhada pelas raposas e lobos, que aconteceu naquela madrugada.
Afinal, não houve revolução.
Ah poeta, deverias cá estar para nos cantar, como só tu o saberias fazer, esta desesperança em que mergulhámos.
E o povo?
Foram “cravos”, senhores!