quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Calhandrices e coisa e tal e coisa

Foi público que terá havido calhandrices por estes dias em Portugal.

Calhandrices para lá, calhandrices para cá, foram tantas as trocas de galhardetes que se fica sem saber se as calhandrices são dos ministros envolvidos, se do jornalista alvejado.

Este chegou mesmo a afirmar que "só alguém que conhece bem o seu significado é que o usaria" (o termo "calhandrices", entenda-se).

Haja decoro, meus senhores!

Uma conversa que envolve ministros e jornalistas e que vem a público, não pode utilizar termos pouco conhecidos. Ou é para todos ficarmos a saber, ou calem-se.

Senti-me ignorante quando li a palavra e a não reconheci no meu dicionário pessoal (embora, claro, a intuição me dissesse do que se deveria tratar). Mas logo fiquei descansado quando fui à INFOPEDIA e me informaram que a palavra era desconhecida. Que alívio!

Fui pesquisando – que eu gosto de ser pessoa bem informada - e lá consegui saber do que se trata. Posso gabar-me de que já estou capaz de entrar em calhandrices da alta sociedade portuguesa, como qualquer ministro ou jornalista. Estou apto.

Para quem ainda não sabe o que significa a palavra "calhandrice" e a sua origem, poupo-vos trabalho.

Aqui está:

Calhandrice (calhandro + ice) s. f.
Atitude de quem gosta de intrigas ou de boatos. Bisbilhotice, coscuvilhice, mexeriquice.

Calhandro (nome masculino )
antiquado - vaso cilíndrico, espécie de bacio grande, onde se despejam os bacios pequenos.
(De origem obscura).

Gostei da nota "de origem obscura".

Haja decoro, meus senhores!

O país já anda enterrado em demasiados calhandros que até parece ser um calhandro só, não necessita que jornalistas estiquem a corda até o calhandro ficar cheio e lhe caia em cima.

O país não ficará satisfeito que ministros limpem o calhandro da forma como parece estarem a fazê-lo.

Haja decoro, meus senhores!

Calhandrices. Bagh!