sábado, 18 de julho de 2009

Escapadas a MECHELEN / MALINES – (BE)

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O Escudo de Portugal

Mechelen, em neerlandês, ou Malines, em francês, a meio caminho (25 Km) entre Bruxelas e Antuérpia, já foi capital dos Países Baixos (numa configuração territorial e política diferente da actual), ainda que por um curto período de tempo, na primeira metade do século XVI.

Das ligações dinásticas que então se entrecruzavam na Europa pelos casamentos, ainda hoje se podem ver os seus vestígios, nomeadamente num brazão fixado na fachada de um edifício, onde se encontra também o escudo de Portugal, penso que devido às ligações de Isabel de Portugal com Carlos V (ou I, de Castela, nascido em Gent).

Não consegui confirmar, pois de heráldica... népias.

Se resolverem vir a estas paragens da Europa, "percam-se" um pouco por Mechelen, que vale a pena e a um saltinho de Bruxelas.

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Os negros (Nekker), tidos como demónios

No entanto, a área do município de Mechelen tem vestígios de ter tido uma pequena aldeia, de nome Nekkerspoel, de povos que terão vivido na “Era de La-Tène”, idade do ferro, cultura descendente da de Hallstatt -zona (mas que também é nome de cidade localizada à volta de um lago, que considero um verdadeiro paraíso para uma semana ou duas de férias, localizada em Salzburgo – Áustria).

Dessa aldeia primitiva herda Mechelen um dos seus ícones - o demónio. Nekker, significa “negro”, donde “aldeia dos negros”, sendo que se ligavam os negros aos demónios, aos lobisomens.

Existe uma casa, reconstruída, onde à entrada se podem ver figuras representativas do demónio:
homens chifrudos com pés de cabra.

Parece que a população se dedicava à metalurgia e, talvez por isso (não sei), andarem sempre negros pelo efeito do carvão e do fogo. Aparentemente, nada indica que seriam povos africanos ou seus descendentes.

Estava um dia de sol forte, e dizia a guia, "por isso é preciso ter cuidado com a exposição da nossa pele ao sol", olhando de soslaio para mim.

Pois, com tantas "peles de osga" no grupo, nem precisava de olhar para mim para se saber que era eu o alvo do comentário!

Só fiquei na dúvida se era um comentário positivo, por ela gostar de demónios, ou se estava com receios demoníacos.





A torre da catedral de Saint Rombaut (Sint-Rombautstoren)

Mechelen tem uma história de subidas e descidas de importância económico-política e sofreu diversos desaires bélicos que culminaram com a sua quase destruição pelas bombas da II G.G., mas que remontam a muito cedo na sua existência.

A sua catedral, que deve o nome ao missionário irlandês, ou escocês - não é certo, que cristianizou as populações da área e foi canonizado, Saint Rombaut, ainda hoje tem a sua torre inacabada devido às diversas guerras e suas destruições e pilhagens. Dos 160 metros projectados, não chega aos 100 metros de altura. As obras foram reiniciadas por duas vezes e por duas vezes foram interrompidas.

A esta catedral está ligada uma estória motivo de chacota que envergonha a população: conta-se que alguém, numa noite de Lua-cheia e muito nevoeiro, ao regressar a casa noite adentro, inspirado pelo excesso de cerveja, reparou num incêndio que consumia a torre da catedral. Dado o alerta, a população - presidente do município incluído - acorreu com baldes de água, passados de mão em mão até ao alto da torre, prontos a apagar o terrível incêndio que, numa rápida aberta do nevoeiro demonstrou não ser mais do que os efeitos do luar avermelhado agigantado pela neblina... e muito álcool. De toda a população? Ao que parece.

Por isso, actualmente, os habitantes de Mechelen ainda são conhecidos pelos “Maneblussers” (Moon extinguishers), ou, literalmente, “extintores da Lua”.

Do cimo da torre, com dois andares para pausa e exposição de artigos de museu ligados à torre e dos seus famosos dois carrilhões e maquinismo do relógio, 520 degraus depois do início, oferece-nos paisagens até onde o tempo o permite. Com a minha objectiva 75-300 consegui captar o Atomium, a 25 km de distância, com reflexos dos raios solares nas suas esferas.
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A cerveja sempre presente na Bélgica


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Produzindo “bombeiros da Lua”, a cerveja na/da Bélgica é um ícone que se encontra em cada canto que se visite.

Actualmente já existem poucas fábricas artesanais de cerveja. Mas ainda se encontram algumas.

Em Mechelen, a profusão de pequenas fábricas de cerveja não deveria ser diferente da que existiria em outras localidades da Bélgica.

Não havia refrigerantes; a água existente nos rios e canais, alguns de água estagnada, não era a bebida mais indicada; o leite, segundo a cultura destes territórios, só devia ser regularmente consumido até à perda dos dentes de leite e, provavelmente, também haveria a cultura machista de quem bebe leite... é gato (para não dizer outra coisa)!, donde poder-se encontrar uma cervejaria em cada canto, produzindo para consumo próprio e dos amigos. A maioria da cerveja era de baixo grau alcoólico e, muitas vezes, com mistura e sabor a frutos. Enfim, era um refresco e a compensação para a falta de líquidos bebíveis.

Interessante a estória de que a primeira cerveja produzida foi a cerveja preta.

Perguntou-me a guia, "sabe porquê e porque é tão saborosa?", não esperando pela minha resposta:
"Porque como a técnica ainda não estava apurada, não conseguiam retirar toda a composição que havia na água dos canais, que serviam de fossa e de meio de transporte do lixo para a povoação seguinte".

A seguir, foi hora de almoço, num barco-restaurante e, claro, não consegui ir buscar os sabores e aromas da cerveja preta.

Só uma "blonde" (loira, cerveja branca) me podia fazer companhia. Mas fiz questão de pedir "a cerveja" de Mechelen. UHMMMM! que ia outra, agora.

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A água, os canais e os rios


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O Rio Dijle


E aqui vai a última parte destas minhas escapadas por Mechelen.

É dificíl viajar pela Bélgica, Holanda, França, enfim, por estes lados da Europa, sem que, a cada canto, não encontremos um rio domesticado, um canal, uma eclusa.

A água sempre foi a fonte de vida e de fixação de vida às terras. E, a mim, deixa-me hipnotizado. A do mar, especialmente, mas a dos rios, também.

Irriga as terras; ameniza o clima; é estrada para o transporte de mercadorias; é meio de comunicação; é fonte de lazer; era uma defesa militar natural, hoje já pouco relevante; e etc.

Já escrevi aqui no blogue - lá mais para trás, que não entendo porque é que Portugal (e Espanha), nunca se decidiu(iram) politicamente pela construção de canais, especialmente a sul, onde os terrenos mais facilmente o permitem e onde mais necessários me parecem. Envolveria, concerteza, grandes investimentos mas... parece-me que valeria a pena (isto é só um suponhamos, que não tenho dados objectivos, quer financeiros, quer de outras perspectivas que também se deveriam ter em conta). Já estou a ver muitos a dizer: então nem Alqueva, quanto mais...

Mechelen tem o Canal de Louvain a passar-lhe a seus pés. Mas, mais importante, tem o Rio Dijle a regar-lhe o corpo. A baixa da cidade encontra-se na ilha formada pela bifurcação do rio, embora a cidade, não sendo muito grande, se espraie para lá da ilha.


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E aqui ficam mais uns olhares de Mechelen (o slideshow de todas as fotos fica ali ao lado):


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Ele há malucos e...

...bem, nem sei o que chamar a estes.

Acredito que já estão agarrados à auto-produção de adrenalina, em grandes doses.

Ai estes muchachos!

No México:


www.Tu.tv

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ronronando em estereofonia.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O eterno circo

Em Paris - - - - -