quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Natal de 2007

Como sempre, nesta vida linear que levamos, a roda do tempo mostra-nos que, ao fim de 12 meses, se fecha um ciclo e outro se abre.

Mais uma vez, é Natal.

Mais uma vez, vem aí o passar do ano, finda 2007 e 2008 cairá nas nossas cabeças.

Mais uma vez, vamos mudar de calendário.

Sabendo que é um período já totalmente absorvido pelo comércio, como forma de nos absorver algumas poupanças, até mesmo aquelas que muitos não conseguiram fazer, ainda mantenho algum do espírito de magia que me invadia quando estava na idade de acreditar no menino Jesus, no Pai Natal, na descida de prendas pela chaminé, etc, e naquele espírito que se espalha e faz com que as pessoas riam e sorriam frente a situações que as faziam barafustar meia dúzia de dias antes, que retira azias com facilidade.

Consomem-se quantidades industriais de brinquedos prontos a usar e deitar fora.

Paciência, são os ventos do tempo.

Deixo-vos um Pai Natal com um trenó puxado por rápidas renas, e carregado de votos de umas Boas Festas para todos os visitantes e comentadores deste blogue.

Que ele chegue a todos os cantos do mundo que têm cá chegado.

Até 2008.

The clock is ticking

AQUI se falou do "Tratado Europeu de Lisboa" que hoje, com as assinaturas e pompa e circunstância, teve a concordância dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados membros, entrou numa nova etapa.

Passou a "projecto", definitivamente.

O relógio só hoje, realmente, começa a contar os segundos, em contagem decrescente.

Dentro de pouco tempo (considerando o relógio dos povos e nações, e não os de cada um dos homens que os compõem) veremos como foi liderado este processo, não apenas pelo Estado que exerceu a presidência no período desta cerimónia de hoje, mas por todos, pois esta é uma tarefa que a todos os políticos a exercer o poder deve ser assacada.

Veremos se no fim haverá novamente espectáculo pirotécnico e borlas em museus e festarola, ou se vamos assisitir ao esvaziar de um balão de ar quente, mal aquecido.

SENSAÇÃO

Hoje, soube-me a pouco!...

Não o sexo,
Que esse é louco,
E, por vezes, tão complexo,
Que o pouco,
Com algum jeito,
Passa a ser muito,
Quando em cada segundinho,
Se suga tudo a preceito.
Derme, epiderme e suor - OLHARES - - -

Mas o tempo.
Que ligado à sensação,
De prazer em catadupa,
Me deixou embriagado,
À procura da noção,
De uma hora tão abrupta,
Que eu fiquei esmagado,
Do pouco,
Que me soube esse complexo
Momento de atenção.

Não do tempo,
Não do sexo.
Mas do momento
Que passei e lá estive,
Colado a todas as células,
Trocando de entendimento,
Os fluidos do nosso amor,
Em troca...
Do que se vive.

Não foi o momento,
Não foi o sexo,
Não foi o tempo,
Que é complexo,
E voa como as libélulas,
Tal como o nosso amor,
Perpassa todas as células,
E se transforma em calor.

Mas a sensação,
De toda aquela sensação,
Que deixa qualquer Ser louco,
Por ser tanto em tão pouco.

E, no entanto...

Pareceu-me...
(Talvez sem qualquer razão)
Que tu estavas deserta,
Oásis na primavera,
Que sacia toda a sede,
No meio do areal.
E se transforma em quimera
No horizonte que vejo,
Ondulando todo o corpo,
Sem nunca poder parar,
De arredondada galera,
Que me aumenta o desejo,
Sem contudo o saciar.

Daí esta sensação,
De um sentimento louco,
Que me sabe a tão pouco.
Sem que me possa queixar!

Dás atenção ?
Talvez!!
Mas quero mais, muito mais,
Para que a minha vida tenha nexo,
Nem que grite até ser rouco,
Me desfaleça no sexo,
Hei-de ter mais, muito mais,
No tempo,
Em cada momento,
De sentimento complexo,
De troca de fluidos de amor.
Para que esta sensação,
Deixe de saber a pouco.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Cimeira União Europeia-África em Lisboa


Tervuren - BE
Hoje foi dia de encerramento da Cimeira Europa-África.

Sendo um evento da União Europeia (será que já e ainda existe?), Lisboa e Portugal ficam-lhe ligados.

Ainda é cedo para se saber a totalidade dos seus resultados mas, do que transbordou, tudo indica que terá um balanço positivo.

Parece que começam a soprar os ventos de fim às desculpas pelo estado em que se encontram muitos dos países africanos por terem sido colonizados, por tudo quanto aconteceu em quinhentos anos e, também, pelo que continua a acontecer naquele continente, passado que é "meio século" sobre os processos de descolonização.

Como se a história mundial deixasse muito espaço a povos que não tenham sofrido, de uma ou outra forma, por mais ou menos tempo, invasões, saques, colonizações, aculturações, … e isso tivesse que servir de desculpa para os seus governantes nada fazerem pelos seus países. Ou até como se isso não tivesse sido o caldo que moldou e tem moldado o mundo como o conhecemos, para o bem e para o mal, pois claro. Humanos !

Esperemos que o complexo de inferioridade dos países colonizadores também sejam apanhados por esses ventos de mudança!

Afinal, há povos e países ditos colonizadores com recursos naturais bem mais escassos que os dos ditos colonizados e que continuam, à conta desses complexos, a portarem-se como uma entidade de misericórdia, quando é certo que esses recursos naturais são explorados, por técnicas ultrapassadas, mas cada vez mais por meios de última geração, e permitem a "meia dúzia de colonizados" ligados ao poder viverem e terem riquezas incalculáveis espalhadas pelos quatro cantos do mundo, incluindo no seu próprio canto, deixando os seus no maior índice de sub-desenvolvimento que é possível imaginar.

Sabemos que há efeitos que os povos não conseguem apagar em pouco tempo. Muitos deles hão-de perdurar por muito mais tempo. Muitos outros, seria bom que se mantivessem e se melhorassem no futuro.

Será que não é chegado o momento de Portugal, do Estado Português, fazer alguma coisa quanto àqueles que por esses terrritórios, onde defenderam a bandeira portuguesa, ora trabalhando no sector privado, ora no público, na vida civil ou dando o "corpo fardado ao manifesto", ao longo de gerações, ajudaram ou foram mesmo a principal mola impulsionadora do desenvolvimento sócio-económico a que os mesmos chegaram ?

Não falo daqueles que apenas lá investiram sem lá colocarem um pé, controlando à distância, do continente europeu, os lucros que retiravam disso, mas dos outros.

Que é feito dos processos de indemnização que foram accionados contra o Estado português por estes portugueses que tudo perderam, incluino, muitas deles, vidas de familiares?

Não será tempo de o Estado português se entender com os seus cidadãos, independentemente do entendimento que tiver com os Estados dos seus ex-territórios ?

É tempo de se começar a fazer justiça aos cidadãos que tudo perderam por um processo mal conduzido. E muitas portas já foram deixadas abertas ao Estado para que se chegue a bom termo.

Esperemos que os ventos de mudança cheguem aos Estados colonizadores e colonizados.

Mas, como foi afirmado nesta cimeira, mudar a página não significará esquecer.

Para todos os lados, espera-se.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Como o tempo voa... !

Pois é.

O tempo não só voa, como voa montado num foguete que percorre este espaço à velocidade da luz. Até me parece superior, bastante superior, essa velocidade.

Foi ontem que publiquei isto num post. Alguns lembrar-se-ão.

Dia de S. Nicolau, dia forte por esta Europa do norte. Por aqui, é dia de prendas.

Foi ontem, no dia 6 de Dezembro de 2006 que publiquei o texto e foto que se seguem.

Foi ontem. Até amanhã, se ainda andar a percorrer este espaço.


"(Este é um post, tendencialmente, temporário).

Excepcionalmente, eu, AGRIDOCE, vou autorizar a postagem desta redacção, que me foi pedida pelo Zé. Que primária! Mas eu devo-lhe este favor, paciência.

Algures no tempo, pelas dez horas e trinta minutos TMG, de uma manhã de um dia seis de Dezembro, o Zé deu o “grito do Ypiranga” ao mundo.

Além desta foto, o Zé tem uma outra, tirada uns segundos antes desta, de que ele também se lembra bem do momento, mas que por razões de auto-censura do AGRIDOCE, não é publicada. Recorda-se de que lhe disseram para colocar um pé sobre a bola de futebol, acabadinha de receber como prenda, e para tirar a pila fora como se fosse fazer um xixi. Zás!!! Foto tirada para a posteridade.

Também diz que se lembra de, no Natal desse ano, terem oferecido ao irmão um carro de corda, vermelho, lindo, topo de gama no momento mundial da garotada. E de como ele, com o seu espírito curioso, num ápice de desatenção do irmão e adultos, irremediavelmente o desmontou para sempre, utilizando uma pedra, só para perceber como era possível uma coisa daquelas auto-mover-se.

Lembra-se como eram bonitas as estrelas num céu quase escuro de civilização eléctrica, de como era lindo o som do silêncio da noite, como os ouvidos das pessoas de então tinham tempo e conseguiam escutar os pássaros multicores e outros animais em regime de total liberdade, de como era luxuriante a vegetação, como as crianças cresciam sem perigo ao construirem muitos dos seus próprios brinquedos, sem o “Certificado CE”, ou trepavam árvores e muros, ou andavam de patins ou bicicleta, ou carrinhos de rolamentos, sem capacete ou outra protecção, ou jogavam futebol sem equipamento, normalmente até descalços (não fossem os sapatos dar direito a umas “bolachadas” bem dadas, ao chegar a casa), de como as famílias da povoação se reuniam e conviviam após o jantar e como aí, em franco convívio, se transmitiam estórias e conhecimentos, e também se aprendia, se educava, se formava.

Como era fácil apanhar facilmente na escola ao menor acto de falta de disciplina ou educação e, em casa, levar ainda com a sobremesa, sem que os pais fossem pedir explicações aos professores, como se faz agora, desautorizando-os. De como isso não era motivo para consultas de divã das criancinhas, coitadinhas! E até havia alguns professores a punir acima do razoável. Lá isso havia.

De como os relógios, nesse tempo, tinham outros andamentos.

De como a criançada conseguia sobreviver sem os MacDonalds, ou outras americanadas e iguarias de formar banhas em excesso.

Recorda, também, que nesse tempo ninguém falava do preservativo ou de educação sexual nas rádios (TV??? Isso era ficção, ainda!) e, nem por isso, a SIDA era uma música diária a matar ao segundo, ou havia mais abortos do que actualmente, ou sem que a falta desses mecanismos, chegado o momento, impedissem uma performance sem reparos. De como a generalidade dos jovens se apaixonava e caía de amores sem haver mais que muito namoro e beijos fugidios e algumas explorações titubeantes, sem que isso fosse fonte de infelicidade ou motivo para irem ao psicólogo, exemplar raramente falado e visto.

Como o mundo está desenvolvido, admira-se o Zé do seu berço!

Agora, as pessoas têm TV, cinema em casa, centros comerciais, ... onde muita gente se amontoa para andar sózinha ou “se passear” esquecendo o grupo com que saiu, mero instrumento de auto-exibição, onde se gastam as poupanças que não se fazem, mas que os créditos bancários sem fim ajudam a drenar! Ou fixam-se em frente ao ecrã do computador, brincando, mesmo com e de quem não querem.

Os espaços estão cheios de cimento e alcatrão e carros, que ocuparam os lares dos vegetais.

Como está diferente este mundo, dia seis de Dezembro, daquele mundo do dia seis de Dezembro!!!

O Zé gosta muito do dia seis de Dezembro.

--------------------------Bruxelas, dia seis de Dezembro,

-----------------------------------------------------O Zé"




sábado, 1 de dezembro de 2007

Dez réis de esperança

Se não fosse esta certeza

que nem sei de onde me vem,

não comia, nem bebia,

nem falava com ninguém.

Acocorava-me a um canto,


no mais escuro que houvesse,

punha os joelhos à boca

e viesse o que viesse.

Não fossem os olhos grandes

do ingénuo adolescente,

a chuva das penas brancas

a cair impertinente,

aquele incógnito rosto, pintado

em tons de aguarela,

que sonha no frio encosto

da vidraça da janela,

não fosse a imensa piedade

dos homens que não cresceram,

que ouviram, viram, ouviram,

viram, e não perceberam,

essas máscaras selectas,

antologia do espanto,

flores sem caule, flutuando

no pranto do desencanto,

se não fosse a fome e a sede

dessa humanidade exangue,

roía as unhas e os dedos

até os fazer em sangue.



- - - - - - - - - - - - - - - - António Gedeão

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Momento difícil


Éramos um grupo que marcava um pouco da vida de uma cidade angolana, Sá da Bandeira, assim era chamada naquele tempo, quando a bandeira portuguesa ondulava ao sabor do vento do planalto da Huíla nos mastros dos edifícios do Estado, entre eles o do RI 22.

Jovens de 21/22 anos, farda de militar envergada com orgulho e com vaidade, especialmente quando trajávamos o camuflado.

Tu, nem por isso. Preferias a farda de passeio a que adicionaste o chapéu de pala, que quase todos nós recusavamos, por termos convencionado que dava um «ar de chico».

Pouco tempo foi necessário para percebermos que tu pouco ou nada te importavas com esses preconceitos e piadinhas. Usavas por uma questão de imagem diferente. Nada mais. Personalidade muito vincada, eras superior às piadas.

No quinto e último andar do edifício, o apartamento que habitávamos, muitas vezes permanecíamos à varanda, falando dos mais diversos temas que chegavam ao sabor das «cerejas», sem deixar passar o conteúdo do tema mais importante que, de vez em quando, lá debaixo, dos passeios, olhava de soslaio, torcendo o pescoço para cima, para o grupo.

De imediato saía o debate sobre qual de nós teria sido o alvo do olhar feminino, retomando, pouco depois, o tema em debate, até que um novo olhar torcido de cobiça, lá embaixo, o interrompesse.

Bons tempos passámos naquela cidade e naquele ambiente.

A juventude que transportávamos dava para tudo. A pressão da vida militar, pelo futuro ainda mais incerto, fazía-nos viver em alta rotação. Não se podia deixar de viver qualquer minuto, pois podia ser o último antes da mobilização para uma zona de risco, onde poderíamos perder irremediavelmente a juventude ou até a vida.

Recordo os passeios no Picadeiro acima e abaixo, sempre a «morder a febra» que se avistasse no horizonte, da forma menos platónica que os tempos permitiam - e eles eram duros a esse respeito, nada como hoje - e que eram mais um momento para um pensamento à namorada deixada a umas centenas de quilómetros. Ou as farras no recinto do Benfica. Ou os passeios pela Senhora do Monte.

E as farras no apartamento, que também iam acontecendo, ao som de gira-discos, com muitos singles e alguns long-play, luzes psicadélicas inventadas a partir de lampadas incandescentes forradas de papel celofane vermelho, ligadas a um arrancador de lampadas fluorescentes, encaixadas em caveiras envernizadas de impalas que decoravam a parede. E as despedidas de amigos a quem lhes tinha saído na sorte ir para zonas de combate, palmilhando a cidade para cima e para baixo, parando em bar sim, bar sim, também num restaurante para comer algo que permitisse aguentar a longa noite, até pararmos no Bar Nocturno Chela, onde uma vez te vi a «sair de gatas» com o Almeida, poucos minutos antes de ele se encaminhar para o Norte.

Foi nesse tempo e espaço que se cimentou a nossa amizade, mantida ao longo destes trinta e tal anos em que a nova vida, para onde nos atiraram, pouco espaço deu para a continuação do nosso convívio como era desejável e desejado, mas que, de qualquer forma, tinha agenda marcada para o tempo em que tivessemos mais tempo para acabarmos os anos que nos sobrassem.

Mas… há nove semanas, pregaste-nos um susto valente e mantiveste-nos em suspenso sofrimento, à espera que saísses desse coma traiçoeiro para onde te lançou a pérfida doença inesperada, passando pela maior prova que te tinha sido lançada até então.

A esperança é sempre a última a morrer.

E todos estavamos irmanados na esperança de te podermos voltar a ver no grupo, nos grupos, entre todos.

Hoje, embora continues na nossa presença, partiste, resolveste que era chegado o teu tempo de folga deste mundo que anda maluco. Leva-nos os amigos. Levou-me um grande e sincero amigo, de amizade honesta.

Foste o primeiro dos jovens de Sá da Bandeira do 5º andar a fazê-lo.

Um dia, encontrar-nos-emos, onde quer que seja. Vamos continuar as conversas interrompidas. Vamos ficar a beber umas cervejas, apreciando a paisagem.

Até lá, fica o meu grande abraço de amizade e já de saudade.

Até um dia, até sempre, Vitor.


P.S.:
Nota de hoje, 30.11.2007 - 18:43 Brx.

Quando postei, não esperava receber comentários.

Foi um post deixado em momento de dor e muito pessoal. Talvez não o devesse ter deixado no blogue (?!).

Embora pela natureza do tema me parecesse que não era necessário, seleccionei a função de retirar a possibilidade de enviarem comentários ao post.

Por algum motivo que estará ligado às minhas capacidades técnico-informáticas, ou talvez pelo estado emocional em que me encontr/ava/o, a função não ficou activa e só hoje dei por isso, ao verificar que tinha havido comentários ao mesmo.

Como desde o princípio era meu propósito, não os vou publicar, embora os receba e leia.

As minhas desculpas pelo facto, os meus agradecimentos pelos comentários que se caracterizaram pela sintonia com o momento.




quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Futeboladas

Não percebo de futebol mais do que qualquer treinador de bancada sentado na poltrona frente à TV, gritando contra passes mal feitos pela minha equipa, perdida de golos que são demasiado evidentes aos meus pés que já os tinha marcado antes da bola partir dos pés do marcador falhado.

De vez em quando, ainda vou ao meu novo Estádio da Luz, com muita saudade dos tempos em que tinha camarote no antigo.

Mas o que gosto mesmo, é que a minha equipa ganhe os jogos. Se possível, dando o espectáculo que esperamos dela.

Ontem, a minha equipa ganhou o jogo.

O que estava em jogo era o apuramento para o Europeu 2008.

E isso, conseguiu-se.

Não posso deixar, na minha ignorância futebolística, de dar os parabéns a todos os jogadores em campo mas, especialmente, àqueles que me parecem ter feito um trabalho mais profissional que todos os outros: Pepe, Bosingwa e Nani.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Viagem espacial


Há uma bola lá ao fundo, suspensa no negro tecto,

Redondinha, azul, cheia de vida !

O homem já quase a matou. Está espremida.

O homem que, neste mundo, é um pequeno insecto.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Apertadinho! UHHH!




Vem hoje no METRO (título de diário disponível nas estações de metro, cá como por aí), uma notícia sobre uma pilha ecológica.

Funciona a urina. Isso mesmo. É o que estão a ler.

Por enquanto, apenas é comercializada no Japão. (Ver AQUI)

Vamos acreditar que é verdade!


Agora... especulando!

Dentro de poucos anos, com o esperado desenvolvimento tecnológico, poderemos ver filas de veículos motorizados a electricidade (de bicicletas com motor eléctrico de apoio, a motas e carros e camiões) aparcados o mais perto possível de cervejarias, depois de se dirigirem aos depósitos de recepção de resíduos de urina, onde retiraram toda a urina já gasta.

Depois, é ver os condutores, de preferência acompanhados de mulheres, a dirigirem-se às cervejarias e a meter uns finos atrás de outros, ou mesmo canecas de cerveja, da marca estudada previamente e que é produtora de urina equivalente à gasolina com mais octanas.

Ao fim de alguns litros de cerveja, se acompanhados de mulheres, os homens começarão a contar umas anedotas, para que as ditas corram direitinhas aos depósitos dos veículos, logo seguidos deles, tentando todos não desperdiçar uma gotinha que seja.

Os cervejeiros terão um lucro triplamente acrescido:

(1) a venda da cerveja crescerá inusitadamente,

(2) a utilização dos mictórios será cobrada (ao segundo ou ao centilitro), com penalização a quem tentar fazer alguma coisa fora do local (isto valerá para aqueles que não terão veículos movidos a pilhas destas, ou que estejam tão apertadinhos que não consigam dar uns passos mais), e

(3) a utilização dos depóstios de resíduos será paga.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Muito rapidinha, a tomar balanço.

OLHARES - - - - - - - -
PARAÍSO


Teu corpo, agora tão perto,
é brisa que me consente
na aridez do meu deserto
a graça duma nascente

Logo a nascente permite
o florescer dum pomar...
(Eu amei-te - mas perdi-te
por começar a pensar...

Às simples evocações
dum possível paraíso,
logo em nossos corações
se delineia um sorriso...)

E teu corpo, inda mais perto,
é brisa que me desmente...
(Sob o sol do meu deserto,
alonga-se uma serpente.)


- - - - - - - - - - David Mourão-Ferreira

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Fim de linha!

O "BelgiumTugadois" vai entrar em período de descanso por prazo indeterminado.


Podendo voltar, de vez em quando, consoante as circunstâncias do momento.


De facto, é só o confirmar de um estado em que já se encontra há uns tempos, embora se espere algum agravamento na ausência de postagens.


Mas não estranhem se virem o "Agridoce" a continuar a andar por aí, ali, ou acolá, só a visitar ou também a deixar um olá ou um comentário.


Não vou deixar palavras de despedida, mas um até à próxima, que não sei quando será.

domingo, 28 de outubro de 2007

"Tratado Europeu" de Lisboa

Mapa da UE - copiado daqui. - - - - - - - - - -
Como e enquanto português, sou europeísta convicto, do corpo à alma e vice-versa.

Num mundo cada vez mais globalizado, os países europeus que vão formando este espaço em que vivemos em relativa cidadania comum, e especialmente os países mais pequenos (não me refiro à dimensão geográfica, ou somente a ela), sobreviverão melhor se se unirem num bloco que possa fazer ouvir as suas culturas e tradições e línguas, mas também, e acima de tudo, os seus interesses económicos próprios e diversos, desde que enquadrados em políticas de partilha dos "lucros e perdas".

Ora, como europeísta, defendo que a Europa não se pode "constituir", ou "ir-se constituindo", com golpes de política saloia.

Os partidos políticos têm de encontrar nos seus discursos próprios, a fronteira que destrinça a luta essencialmente de nível nacional, daquela que é as suas posições no processo europeu. E assumi-las com todas as suas consequências. Fim ao discurso populista e fácil num momento, para num outro momento mudar de agulha, só porque se alterou a sua posição relativa.

Um Tratado não é matéria que se adeque a referendos ?!

Mas todos deveriam ter pensado nisso quando andaram a propagandear que queriam este "passo para a Europa" submetido a consulta popular, por referendo. Independentemente do nome de baptismo que realmente tem, ou da cor das roupas em que vão meter o tratado.

Desunhem-se, Partidos Políticos, de forma honesta e com pouco "folclore", para poderem passar os pontos de vista que defendem como os melhores para o "nosso torrão" à beira-mar plantado! Em linguagem da mais simples possível, mas completa, que é a mais difícil de ter. Utilizem os "media", e comecem quanto mais cedo melhor, para que todos possam perceber do que se fala e o que se muda. Levem a que todos digam o que pensam, com tempo e sem "altas temperaturas" baixas. Que reflexos, na perspectiva de cada um, terá este processo de construção que vai ter mais um passo a dar.

Reflexos a curto, a médio e a longo prazo. E o que poderia acontecer se não fosse dado.

Como e enquanto português, sou um europeísta convicto.

Por isso eu quero ver o povo referendar este "Tratado Europeu de Lisboa", para que esta Europa tenha corpo e alma, em vez de caminhar para uma organização fantasmagórica e distante.

sábado, 27 de outubro de 2007

Passeando por Bruxelas

No post que aqui fica podem ver o slideshow de "meia dúzia" de fotos que fui e vou tirando por aqui - irei acrescentando à medida que houver mais.

Mas também podem ver a apresentação foto a foto, clicando A Q U I.

Agrupei-as segundo o critério geográfico e/ou temático.

Em muitas, tenho referências ou aos locais, ou a algo que me decidi deixar como legenda/documentário.



domingo, 21 de outubro de 2007

Bruxelas. Vai mais uma voltinha?

Vamos dar mais uma voltinha por Bruxelas?

Sim?!

OK.

Quando se fala de Bruxelas, como sabemos, estamos a falar de uma, mas também de várias coisas, embora todas interligadas.

Não me vou substituir à Wikipédia ou outros sites, estejam descansados, pois também lá tive que ir beber. Vou apenas sumariar alguns pontos que, penso, podem ser interessantes.

Falamos de Bruxelas para nos referirmos à cidade (Bruxelas-cidade), que é um dos municípios da Região Autónoma Bruxelas, ou ainda à capital da Federação Belga, à capital da Comunidade Flamenga, ou para nos referirmos à “capital da União Europeia” (Bruxelas-Capital), uma das três que fazem parte deste mosaico politicamente complexo, pois a Federação Belga é, ainda, composta por três Comunidades (linguístico e culturalmente diversas).

São regiões (equivalentes a estados federados), a Flamenga, a Valã e a de Bruxelas-Capital, cada uma com um governo e parlamento próprios.

Existem as Comunidades Neerlandesa, Francesa e a Germanófila.

Geograficamente, as duas últimas estão na Região Valã.

E, ainda, as regiões linguísticas: a região da língua francesa; a região da língua néerlandesa; a região bilingue de Bruxelas-Capital e a região da língua alemã.

Inserida no território histórico da Região Flamenga (Brabant), a Região Bruxelas-Capital tem, também nesta perspectiva, um estatuto especial.

As Comunidades têm competências exclusivas em matéria de ensino, cultura, saúde, apoio social e o emprego da língua (esta última, não se aplica à Região de Bruxelas-Capital, onde a língua francesa é, cada vez menos, a mais utilizada).

Imaginam uma confusão destas em Portugal?

Confusão política, jurídica, económica, etc?

Já teria havido tantos murros e pontapés e tiros, que só os portugueses que se tivessem protegido com a emigração ainda conseguiam estar com o céu da boca quente!

Por aqui, embora já há cinco meses se aguarde por um governo, só se ouvem sussurros de algumas lambadas com luvas, nem sempre de pelica, e ameaças (à surdina) de que a coisa pode fazer esfriar o céu da boca a muita gente, se não torcer para um dos lados. Democracia!

Há, depois, um outro tipo de divisões administrativas idênticas às nossas: as províncias (? – sim, entre nós é figura que não se sabe muito bem se ainda existe ou se já acabou) e as freguesias.

Bruxelas apenas tem o seu território dividido por comunas (municípios, mas que mais me parecem as nossas freguesias em Lisboa), ao contrário das outras duas regiões. Dezanove comunas, ao todo.

Aqui, chego “aos meus finalmentes”.

No mapa que apresento podem ver onde se situam e a sua área proporcional (relação entre elas).

Mapa das Comunas de Bruxelas

Região de Bruxelas-Capital / Freguesias (Communes)

-1 - Bruxelas-cidade

Esta é a "commune" (comuna ou município) mais importante de todas as que existem na Bélgica, pelo menos desde que eu vim para cá :).

Desde há uns anos que começa a recuperar do abandono a que chegou pela perda de uma grande parte dos seus habitantes para as periferias, transformando-se os seus espaços em edifícios de serviços ou, pura e simplesmente, em espaços devolutos, com tudo o que isso tem e trás de decadente.
É a parte mais conhecida dos “turistas temporários de mala com rodinhas” e está dividida em seis áreas claramente distintas:
- O Pentágono (no centro da cidade, constitui a sua parte histórica. O edifício camarário e a sua praça mundialmente conhecida e multi-bilionarmente palmilhada por pares de pés de todas as nacionalidades, a Grand Place, etc.);
- Laeken (aí se desenrolou a Exposição Universal de 1935, onde também se localizam, entre outras coisas, o Atomium, o Estádio de Heizel (Heysel), embora mantenha uma certa ligação à vida semi-rural;
- Neder-over-Heembeek;
- Haren;
- O Eixo sul de Louise-Roosevelt (com os tradicionais chalés de um/dois ou mesmo três andares, e o “Picadeiro comercial de luxo” cá do sítio);
- O quarteirão europeu (Léopold, Schuman e diversas praças)

-2 - Jette
Considerada o Pulmão da cidade, por aí se situar a reserva natural de Poelbos. Também aí se encontra o Parque do Rei Balduíno.

-3 - Ganshoren
Antiga zona de campos agrícolas, onde ainda se podem ver alguns, já foi território de Jette. O Pântano de Ganshoren deu-lhe o nome, e aí se encontra uma reserva natural, rica em espécies ornitológicas.

-4 - Berchem-Sainte-Agathe
...

-5 - Koekelberg
Tem, como ponto central de atenção, a Basílica de Koekelbergh, dedicada ao Sagrado Coração, considerada a quarta maior do mundo.


-6 - Molenbeek-Saint-Jean
A “Pequena Manchester belga” teve outrora uma intensa actividade insdustrial desenvolvida ao longo do canal e da linha férrea.


-7 - Anderlecht
Muito urbanizada, mas mantendo muitos espaços verdes.
Tem, como ponto central de atenção, a Casa de Erasmo de Roterdão (Érasmus Desiderius Roterodamus), museu comunal dedicado ao célebre humanista, na casa que foi do seu amigo Pierre Wichman, e onde viveu por cinco meses, em 1521.


-8 - Forest
A fonia do seu nome não engana!
Comuna verde, onde se pode passear pelos Parc Duden, Parc de Forest, Parc de l'Abbaye de Forest, Parc Jacques Brel, Parc Abbé Froidure e pela zona de Bempt (= pradaria).
Para se apreciar edifícios Arte déco e moderna.


-9 - Uccle
"É uma comuna com uma boa qualidade de vida: casas muito bonitas, bastantes espacos verdes e servicos e comércio de qualidade." (contributo de MRP)

10 - Saint-Gilles
Ponto de referência: a Estação do Sul (Gare du Midi).


11 - Ixelles
Onde se situa o Parlamento Europeu. É considerada a “comuna” dos artistas. E agora, sem qualquer cinismo, é a parte onde, historicamente, assentou praça a comunidade portuguesa. A maioria, claro.


12 - Watermael-Boitsfort
Tem uma grande área coberta pela “Floresta de Soignes” (38% da floresta).


13 - Etterbeek
Onde se situam os “campus” universitários da ULB e da VUB.


14 - Saint-Josse-ten-Noode
A mais pequena comuna, mas com maior densidade populacional. Aqui se concentra a maior parte da população turca de Bruxelas, embora estejam presentes diversas gentes e culturas.
Ponto de referência: o antigo Jardim Botânico.


15 - Schaerbeek
"É a comuna da comunidade muculmana por excelência. Tem fantásticos exemplares da arquitectura art nouveau."
(Contributo de MRP)

16 - Evere
...

17 - Woluwe-Saint-Lambert
Aqui se encontra um dos melhores centros comerciais, que tem a oportunidade de me ver muitas vezes. Nem muito grande, nem muito pequeno. Faz-me lembrar o Fonte Nova, em Lisboa.
É uma freguesia interessante. Se fosse hoje, tentava viver por ali.


18 - Woluwe-Saint-Pierre
Sede de muitas embaixadas e consulados.
"Em WSP destacaria a área de Stockel que parece uma pequena vilazinha dentro da cidade (até cinema, daqueles só de uma sala, tem)." (Contributo de MRP)

19 - Auderghem
...


domingo, 14 de outubro de 2007

Cantando e caracterizando uma comunidade - II

Como estou em época de passear-vos por Bruxelas (e ainda não vou acabar a volta por aqui, tenham paciência!), deixo-vos com a foto da Fundação Internacional Jacques Brel, que fica na Place de la Vieille Halle aux Blés, entre o Grand Sablon e a Grand Place, cujos fundos se destinam a financiar a luta contra o cancro, e ajudar artistas e crianças hospitalizadas.

O livro de poemas de Brel está presente no ensino secundário, tanto quanto me dizem, e quem me diz saberá do que fala.

Como no post anterior se falou dos "cochons"... aqui vai a canção (para mim uma das melhores de Brel) e a respectiva letra (em francês, pois claro, pois é assim que ela deve ser apreciada).

É para se ir lendo e ouvindo.


English subtitles

Les bourgeois

JACQUES BREL

Le cœur bien au chaud
Les yeux dans la bière
Chez la grosse Adrienne de Montalant
Avec l'ami Jojo
Et avec l'ami Pierre
On allait boire nos vingt ans
Jojo se prenait pour Voltaire
Et Pierre pour Casanova
Et moi, moi qui étais le plus fier
Moi, moi je me prenais pour moi
Et quand vers minuit passaient les notaires
Qui sortaient de l'hôtel des "Trois Faisans"
On leur montrait notre cul et nos bonnes manières
En leur chantant

Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient bête
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient c...


Le cœur bien au chaud
Les yeux dans la bière
Chez la grosse Adrienne de Montalant
Avec l'ami Jojo
Et avec l'ami Pierre
On allait brûler nos vingt ans
Voltaire dansait comme un vicaire
Et Casanova n'osait pas
Et moi, moi qui restait le plus fier
Moi j'étais presque aussi saoul que moi
Et quand vers minuit passaient les notaires
Qui sortaient de l'hôtel des "Trois Faisans"
On leur montrait notre cul et nos bonnes manières
En leur chantant

Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient bête
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient c...


Le cœur au repos
Les yeux bien sur terre
Au bar de l'hôtel des "Trois Faisans"
Avec maître Jojo
Et avec maître Pierre
Entre notaires on passe le temps
Jojo parle de Voltaire
Et Pierre de Casanova
Et moi, moi qui suis resté le plus fier
Moi, moi je parle encore de moi
Et c'est en sortant vers minuit Monsieur le Commissaire
Que tous les soirs de chez la Montalant
De jeunes "peigne-culs" nous montrent leur derrière
En nous chantant

Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient bête
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient c...

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Cantando e caracterizando uma comunidade - I

English subtitles - Legendas em inglês

JACQUES BREL

Les flamandes

Les Flamandes dansent sans rien dire
Sans rien dire aux dimanches sonnants
Les Flamandes dansent sans rien dire
Les Flamandes ça n'est pas causant
Si elles dansent c'est parce qu'elles ont vingt ans
Et qu'à vingt ans il faut se fiancer
Se fiancer pour pouvoir se marier
Et se marier pour avoir des enfants
C'est ce que leur ont dit leurs parents
Le bedeau et même Son Eminence
L'Archiprêtre qui prêche au couvent
Et c'est pour ça et c'est pour ça qu'elles dansent
Les Flamandes
Les Flamandes
Les Fla - Les Fla - Les Flamandes

Les Flamandes dansent sans frémir
Sans frémir aux dimanches sonnants
Les Flamandes dansent sans frémir
Les Flamandes ça n'est pas frémissant
Si elles dansent c'est parce qu'elles ont trente ans
Et qu'à trente ans il est bon de montrer
Que tout va bien que poussent les enfants
Et le houblon et le blé dans le pré
Elles font la fierté de leurs parents
Et du bedeau et de Son Eminence
L'Archiprêtre qui prêche au couvent
Et c'est pour ça et c'est pour ça qu'elles dansent
Les Flamandes
Les Flamandes
Les Fla - Les Fla - Les Flamandes

Les Flamandes dansent sans sourire
Sans sourire aux dimanches sonnants
Les Flamandes dansent sans sourire
Les Flamandes ça n'est pas souriant
Si elles dansent c'est qu'elles ont septante ans
Qu'à septante ans il est bon de montrer
Que tout va bien que poussent les petits-enfants
Et le houblon et le blé dans le pré
Toutes vêtues de noir comme leurs parents
Comme le bedeau et comme Son Eminence
L'Archiprêtre qui radote au couvent
Elles héritent et c'est pour ça qu'elles dansent
Les Flamandes
Les Flamandes
Les Fla - Les Fla - Les Flamandes

Les Flamandes dansent sans mollir
Sans mollir aux dimanches sonnants
Les Flamandes dansent sans mollir
Les Flamandes ça n'est pas mollissant
Si elles dansent c'est parce qu'elles ont cent ans
Et qu'à cent ans il est bon de montrer
Que tout va bien qu'on a toujours bon pied
Et bon houblon et bon blé dans le pré
Elles s'en vont retrouver leurs parents
Et le bedeau et même Son Eminence
L'Archiprêtre qui repose au couvent
Et c'est pour ça qu'une dernière fois elles dansent
Les Flamandes
Les Flamandes
Les Fla - Les Fla -Les Flamandes.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Amor sem tréguas

É necessário amar
qualquer coisa, ou alguém;
o que interessa é gostar
não importa de quem.
Aguarela de Carol Carter - - - - - -
Não importa de quem,
nem importa de quê,
o que interessa é amar
mesmo o que não se vê.

Pode ser uma mulher
um pedra, uma flor,
uma coisa qualquer,
seja lá do que fôr.

Pode até nem ser nada
que em ser se concretize,
coisa apenas pensada,
que a sonhar se precise.

Amar por caridade,
sem dever a cumprir,
uma oportunidade
para olhar e sorrir.

Amar como o homem forte
só ele o sabe e pode-o;
amar até à morte,
amar até ao ódio.

Que o ódio, infelizmente,
quando o clima é de horror,
é forma inteligente
de se morrer de amor.

- - - - - - - - - - - - - - - - -António Gedeão
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

domingo, 30 de setembro de 2007

"Bruxelas - II" - escapadinha às estátuas.

Bruxelas tem um vasto património estatuário.

A maioria está ligado aos "edifícios de regime". São estátuas de grande porte, colocadas nesses edifícios ou junto a eles. E, quase invariavelmente, estão ligados aos dois momentos de grande sofrimento pela Europa - I e II Guerras Mundiais, em que as terras belgas foram lençol para muito sangue humano derramado.

Há, depois, esculturas mais modernas, entre as quais, as de pequeno porte, diria de muito pequeno porte. Eu apresento-as com a palavra "miniatura" a iniciar os meus comentários/legendas a cada uma (basta dar um clique na foto do slideshow, para que apareça. Depois é deixar correr a apresentação). Entre estas, contam-se as do Mannenken e da Jannenken Pis, mas há mais, como podem ver.

No slideshow podem ver fotos de um edifício (é assim que está oficialmente classificado), como se de uma estátua se tratasse. Para mim, fica entre a classificação de estátua/escultura e de edifício. Foi "plantada/o " para a Exposição Universal de 1958, que decorreu em Bruxelas.

Como já adivinharam, é o ATOMIUM, reaberto o ano passado, depois de obras de manutenção e remodelação.




Repito-me, como o tenho feito com os outros posts idênticos: irei actualizando os conjuntos de fotos.

Tenham uma boa semana.

Um violino no telhado





Hoje foi dia para ir à minha DêVêDótéca, pegar num dos filmes da celebração dos 100 anos de cinema que comprei na última semana que estive na Tuga e re-re-ver esta obra cinematográfica.

Não sou um grande fã de filmes musicais, mas este... tem sumo. No enredo e, especialmente, na superior representação de Topol. É a minha opinião, claro, mas estou bem acompanhado.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

3 rapidinhas - primeira.


Segundo os media de hoje, o INE perspectiva que, no próximo quartel (não, não é edificação militar, é o período de 25 anos), teremos uma mais que duplicação no índice de envelhecimento, em Portugal.


Dos actuais 112 velhos (> 65 anos), contra 100 com idades inferiores a 14 anos, passarão a existir 242 contra 100.


Tendo em atenção ao que, actualmente, está a acontecer com as reformas/pensões, alerta-se:


Atenção jovens actuais e futuros!


"CUIDEM MUITO BEM DO VOSSO PASSADO".

3 rapidinhas - segunda.

Este fim de semana, vamos assistir à continuação e fim do ensaio da telenovela "Um leader a fingir", que correrá para os lados do "PSD - Palco Sem Democracia".

Ao certo, de tão temporário, ninguém acredita, sequer, que se trate de um ensaio real, tal o nível dos artistas que concorreram para desempenhar o principal papel. Um deles, falha um local por milhares de quilómetros, local esse que veio a lume por ter figurantes da telenovela.

Uma fonte cristalina de água turva garantiu ao repórter do Belgiumtugadois o seguinte:

"É TUDO MENTIRA. NO PASA NADA".


PS.: Y pasou.
Agora, vou ficar plantado à espera que o novo líder vá fazer uma visita aos "200 índios de Maringá, na Amazónia, inscritos ilegalmente para as eleições".

O quê?! Não eram 200, mas vinte e dois?! Maringá não fica na Amazónia, mas no Paraná?! Não são índios, mas emigrantes portugueses?!

Não faz mal, quero ver na mesma, ainda com mais vontade.

3 rapidinhas - terceira.

O Banco Munidal e as Nações Unidas lançaram uma Iniciativa, publicada no Relatório StAR (Recuperação de Activos Roubados), cujo objectivo é recuperar o produto de diversas actividades criminosas, como a corrupção, a contrafacção, o tráfico de drogas, o branqueamento de capitais, as fraudes fiscais, etc., cujos epicentros se situam em países economicamente menos desenvolvidos, no topo dos quais se elencam países como o Iraque, a Somália, Myanmar (Birmânia), ... .


Uma outra organização internacional (TI) recebeu positivamente aquela iniciativa, esclarecendo o problema actualmente existente: grandes praças financeiras de países ricos dão cobertura às massivas transferências de activos de países pobres, sem olhar à proveniência dos mesmos.
Acusa-os mesmo de responsabilidade em toda a trama, dificultando o repatriamento desses activos às origens.


Isto é, só existem actividades ilícitas a tão elevado nível nos países mais pobres, porque "alguém apara o golpe" nas praças financeiras dos países mais ricos.


Dito em português de ciência feita no tempo:


"TÃO LADRÃO É O QUE VAI À HORTA COMO O QUE FICA À PORTA".

terça-feira, 25 de setembro de 2007

"Bruxelas - I" - escapadinha à parte nova.

Não me devo enganar muito se, tal como eu, a maior parte das pessoas pensa Bruxelas como uma cidade exclusivamente de edifícios baixos, escura, fachadas em pedra e/ou tijolo, escuros e enegrecidos pelo tempo e a humidade e toda a poluição "natural" a uma quantidade de tráfego automóvel de uma capital... europeia, em que o sol não penetra as camadas de nuvens com residência e choro quase permanente.

Não sendo mentira, vai sendo cada vez menos verdade. Aos poucos.

Deixo-vos um olhar sobre, essencialmente, um bocadinho da parte norte da cidade onde vão nascendo avenidas com o tipo de arquitectura de edifícios envidraçados, como os do quarteirão das Instituições. Foram tiradas este domingo, com o aroma do outono já no ar, espalhado pelas cores das folhas das árvores.

São poucas as fotos, mas é o que há para já. Quando houver mais, para cá virão (quem sabe se só no Verão).



Até um destes dias.

E tenham uma boa semana.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Excentricidades!

A Q U I deixei fotos de uma viatura com pinturas caricatas, post onde disse que andava a ver se fotografava esta que vos apresento hoje.


Sem mais comentários da minha parte.

Só tive pena de não ter conseguido fotografar o dono, que faz jus à viatura que passeia por Bruxelas.

Excentricidades
Excentricidades
Excentricidades
Excentricidades




domingo, 23 de setembro de 2007

Aaaaarrr puuurooooo !!!

Hoje foi "Dia sem automóveis", em Bruxelas e quase toda a Europa.

Peguei na minha "vélo", "bike" ou "burrinha", como queiram, e juntei-me ao molhe de ciclistas que calcavam asfalto e paralelipípedos, e andei sem resistências automóveis, por onde quer que fosse. Às vélos juntaram-se muitos patinadores "em linha", peões e cavaleiros.


Bom, não foi bem assim, mas quase.

Estavam autorizados a circular dentro da área vedada, os transportes públicos, de segurança e de emergência. Dentro da cidade ainda havia alguns troços transitáveis para automóveis (sempre há ligações que não se podem cortar), mas quer para uns, quer para outros, a velocidade máxima era 30 km/h.

Eu não andei com radar a controlar, claro. Mas não vi nenhum a ultrapassar-me, logo...

Também se correu com o tabuleiro com garrafa e 3 cálices cheios, com prémio para o mais veloz sem deixar cair gota.

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- - - - - - - - - Aumentar e ler os comentários. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Aumentar e ler os comentários.

sábado, 22 de setembro de 2007

Almoço de sábado



Anda por "este meu burgo" um caminhante que, para além de uns textos com piadas, também faz alguma coisa de útil ;) .

Um destes dias, fui até ao burgo dele e… resolvi copiar Este Roteiro Gastronómico para o meu almoço de hoje.

A receita dele é para cinco pessoas.

Como me fartei de andar a pé e me comecei a lembrar de como a minha mãe fazia tal prato (já saboreava o almoço, ainda o não tinha começado a fazer), resolvi dividir as quantidades por cinco e multiplicar por dois.

Só que… quando cheguei à mesa, era 3 a comer (não há erro, não falta nenhuma letra).

Depois do almoço e do café, lá veio um single malt 15 anos fazer-me companhia.

Ainda mal me posso mexer.

Ah! A alma angolana pediu-me para lhe deitar piri-piri. Num arroz como aquele… tinha que ser, para melhor empurrar a cerveja “instupidamente gelada” que o Verão, ao passar por cá para se despedir, obrigou a servir-me.

Bom apetite.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

The Alamo

Mesmo quando não reconheceu em William B. Travis capacidade de comando ao pequeno grupo sediado no forte (este parece ser um ponto pouco consensual), David Crockett, após hesitação, cerrou fileiras e ajudou a defender a antiga “Misión San Antonio de Valero”, depois rebaptizada por Alamo (nome herdado dos espanhóis), com a sua própria vida.

As forças do mexicano General Antonio López de Santa Anna, que se diz terem sido compostas por 7 mil homens, após algumas tentativas pôs fim à defesa do forte por parte dos menos de 200 alinhados texanos que, sem reforços que chegassem a tempo, ali se encontravam para o defender. Conseguiram entrar, embora por lá não viessem a permanecer por longo tempo.

A batalha em Alamo, a missão transformada em forte na guerra da secessão da União Mexicana, com avanços e recuos até à incorporação no Texas de uma boa parte do território (ao tempo, na República do Texas, hoje estado federado do Texas), foi um um dos eventos que ajudou a construir a quase inexistente história dos E.U.A. Diria melhor, com a grandeza e os séculos das páginas da história europeia.

D. Crockett é uma das figuras do imaginário dos que viveram a época dos filmes de cowboys.

Boca a olhar para o lado, como se estivesse sempre a falar para ninguém o perceber, braços em arco, sempre prontos a sacar os revólveres, mesmo quando os não possuía, andar gingão esquisito, deixando-nos a dúvida se era marca comercial de artista, alguns resquícios de acidente na coluna, ou vício um pouco mais ao fundo, David Crockett marcou uma época.

Estou a misturar, propositadamente, a histórica lendária figura com John Wayne, o não menos lendário actor americano de cinema, claro.

John Wayne produziu, realizou e interpretou o filme “The Alamo”, segundo parece tão fiel aos relatos do que se passou no forte, quanto foi possível.

Ainda bem que aconteceu a escaramuça em Alamo, digo eu.

Com a capacidade que é reconhecida aos americanos para fazerem películas onde há cheiro a dinheiro, para além de também serem viciados no cheiro do petróleo (bem pesquisado, chegar-se-ia à conclusão que Alamo aconteceu por causa de deitarem cheiro a ambos), ficamos com uma obra prima do cinema que, com as novas técnicas da digitalização e remasterização em DVD, podemos ir revendo com boa qualidade de imagem e som.

Além deste filme, foram relançados outros na colecção “100 anos”, celebrando um século de cinema.

Comprei mais alguns. Os que me diziam alguma coisa e gostaria de possuir na minha “DêVêDóteca”.

The Alamo, o forte, actualmente é um museu.

Pode ser visitado A Q U I

domingo, 16 de setembro de 2007

Mania da importância!


Hoje, arranjei paciência e teimosia e decidi demonstrar ao “papelito”, aquele que de há uns tempos se andava a esconder de mim, que o iria encontrar, custasse o que custasse.

E custou!

E como ainda está a custar!

De vez em quando, lembrava-me que o tinha por aqui, que precisava de o ler, e lá lhe dava uns minutos e leituras a outros papéis, em diagonal, que me apareciam no caminho, postos por ele, só para me confundir na procura.

Não! Hoje ele vai ficar a saber que não é assim tão importante e esperto como isso, pensei. E se bem o pensei… mais depressa passei ao ataque.

Estratégia montada, iniciei a guerra.

Horas depois, muitas horas, horas demais para a importância a que o papelito se arrogava, encontrei-me com cinco sacos de plástico cheios de revistas e envelopes e originais e cópias e fotocópias e impressões da net, que ao seu tempo teriam super-importância, depois de terem sido o melhor rasgados em bocadinhos que foi possível fazê-los, por vingança e raiva por o papelito continuar a brincar às escondidas comigo, e depositei-os no local que esperava por eles há muito: o contentor do lixo.

Tomem lá para aprender!

Sempre que acabava de ler em diagonal uma revista, um papel daqueles prestes a ir para o plástico em bocadinhos, perguntava-me porque foi que ele se tinha sentido tão importante para estar a ocupar o espaço que me falta neste pequeno apartamento, alguns há mais de três anos!

Depois de chegado da última leva de papelada ao contentor, olhei para uma das pastas e… dei, com quanta força tenho, com a palma da mão na testa e com esta na parede, muitas vezes, até doer tanto que tive que parar, não tivesse que ir parar ao hospital por causa de um papelito sem importância nenhuma.

Finalmente sabia o que tinha feito ao papelito.

E disse para com os meus botões, dentro de pouco tempo lá vais andar também à procura de umas papeladas, que se tornarão importantes, mas que foram parar ao mesmo sítio para onde levaste o papelito importante, num dia como este, algures na última limpeza e rasgadela de papelada: no lixo, quiçá já multi-reciclado.

É a vida!

sábado, 15 de setembro de 2007

Irmãos Pis: a Jeanneken e o Manneken.

Embora o dia nacional da República do Chile só seja a 18 de Setembro, o Manneken Pis esvaziava a bexiga “à chilena”, hoje, em jacto permanente como é o hábito deste boneco bruxelense.

No entanto, ontem, urinava a conta-gotas. Foi o dia da sensibilização à despistagem precoce do cancro da próstata.

Ao longo do ano, lá vai mudando de roupa dia a dia. Raramente se expõe a resfriados.

Aquele boneco leva milhares de pessoas ao cruzamento onde está a sua fonte.

O que nem toda a gente sabe é que também existe uma boneca a tentar fazer-lhe concorrência, embora lhe tivessem dado como morada um cantinho bem escondido!

Aqui está ela, a Jeanneken Pis, coitadinha, sempre despida.




sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Ficção



Naquele dia, em que entrando pelos teus olhos te ofusquei o coração, bateste à porta do meu e arrendaste-lhe todo o espaço disponível.

Há quanto tempo!

Os dias foram sendo sempre sofregamente vividos.

Umas vezes apenas pelas nossas almas que comunicavam com o melhor instrumento sem fios que tivemos - o amor - forte e de uma energia tal que qualquer outro aparelho depressa se derreteria sem apelo.

Outras, viajávamos pela nave mais rápida que o homem ainda não construiu, quando caíamos em cada uma das nossas células, vivendo séculos em segundos, e atravessámos os nossos universos até aos confins do infinito, onde vimos galáxias de maravilhosas cores inexistentes, estrelas onde dançávamos ao som dos blues que ainda não foram produzidos, pousávamos em planetas puros para descansarmos das horas das viagens que estavamos a encetar e poder, ao fim de alguns minutos, retomá-las sem nunca darmos carta de alforria aos segredos sussurrados sem uma única palavra, aos choques eléctricos que recebíamos quando nos tocávamos sem parar.

Ao fim de cada viagem, ficava-nos a certeza do recomeço no momento seguinte, incansáveis.

Mas o tempo passou e tudo foi sendo posto em causa. Ao amor, puro, juntou-se-lhe o egoísmo.

Dos sentimentos, pouco mais restam que cinzas a toldar a relação, saídas de um vulcão que ainda continua activo, vomitando lava escaldante montanha abaixo, como se fosse água cristalina a rolar pela face, afogando a tua ausência, em cada noite desta vida de tormento.

De manhã, o despertador toca em rotinas diárias sem fim.

Acordo.

Então vejo que mais um pesadelo passou.

A vida assim não existe.

É ficção!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Aveiro - escapadinhas.

As fotos não são minhas.

Foram-me enviadas por pessoa amiga que me autorizou a postá-las aqui no blogue (obrigado Selene).

Aveiro é a Veneza em Portugal.

Diria mesmo que em Itália existe uma Aveiro: Veneza.

A água alimenta o ambiente que ali se vive. Do mar à Ria, dos moliceiros às salinas.

Tempos houve em que, nas minhas férias, ano após ano (durante uns quantos), até conhecer quase todo o país continental, Aveiro era ponto obrigatório de paragem por mais que um dia, sempre que aquela região teve que ser atravessada. Algumas vezes, forçava a rota.

Deixo-vos as fotos e ESTE LINK, para quem quiser ler alguma coisa da sua história e, também, apreciar muitas e boas fotos.






























domingo, 9 de setembro de 2007

Tervuren – Escapadinha em revista.

Ainda o calendário informava que a Primavera iria começar a marcar presença dentro de dias, já um dia de sol digno de Verão abafou o Inverno em despedida.

Aproveitei (por aqui nunca se sabe quando se repete tal benção) e fui até Tervuren, uma comuna da Região Flamenga, da província Brabant, que faz fronteira com a Região Bruxelas-Capital.

A afluência de um grande número de bruxelenses, aos fins de semana, tem como destino o parque e, também, o Museu Real da África Central.

Eu, quando para lá me dirijo, vou por isso, especialmente para “esticar as pernas” cansadas de uma semana, pelo parque e a floresta que o rodeia (já visitei o museu duas vezes), mas também pelos gelados que se servem na geladaria que fica ali “à mão de semear”, pronta a repor as energias gastas no passeio.




Tenham um boa semana.

sábado, 8 de setembro de 2007

Como é possível?!

Tenho andado com uma bola no estomâgo, que tem aumentado com o passar do tempo.

E com as lágrimas fáceis a correr face abaixo.

Acredito que estes dias o tema Maddie vai ser teclado até à exaustão, também no mundo blogático.

Não vou entrar em apreciação técnica dos pormenores da investigação que têm vindo a público.

Acima de tudo, porque o que vem a público pode ser verdade, mas será sempre parcial, o que pode induzir à ilusão, ou pode ser uma ilusão mediática que induza a uma realidade inexistente.

Terei (teremos) que esperar pelo fim de todo este "teatro" (sem ter a certeza que aquele jantar de amigos em que se deixaram as 3 crianças em casa - provavelmente com uma já sem ter possibilidades de acordar, talvez até já sem estar a dormir em casa naquele dia - não foi mais que mais um teatro montado, real ou virtual), para saber se o alegado rapto foi verdadeiramente um rapto, ou apenas uma tentavia de rapto da hedionda verdade.

Ainda quero continuar a acreditar que aquele sorriso continua a existir, nuns olhos doces e face inocente, corpo na idade dos primeiros passos para a alegria de viver, ainda longe de chegar à animalidade de coração gelado dos adultos.

Ainda quero continuar a acreditar que a criança foi raptada e, por força da idade, já sorri no colo de outro adulto, pérfido.

Nem quero imaginar que os pais de uma criança tenham praticado tamanha atrocidade, mesmo que nem se trate sequer de homícidio.

Nada justificará, ou justificaria, que montassem um circo de recolha de milhões, que ainda continua à solta, à custa de um ser que nasceu deles e que eles, acima de qualquer outro ser neste mundo, deveriam cuidar em todos os momentos.

A constituição de arguido, em Portugal, deixa, obrigatoriamente, fumos muito escuros sobre a ligação de uma pessoa à prática do(s) crime(s) que estão sob investigação. Sem ser definitiva ou um ponto final, é um mau ponto de partida ou, neste caso, de continuação ao fim de quatro meses.

Maddie, se tudo o que agora começa a vir a público aconteceu, os teus pais não merecem viver.

Que se suicidem, como forma de minorar o que fizeram. Sem ser possível anular tamanha barbaridade de comportamento.

Olho para as tuas fotos com que nos deparamos na net ou nos media.

Quero, espero e rezo, mesmo sem acreditar muito em rezas, que continuas a sorrir.

Por ti, mas também por mim. Para não ser confrontado com a tamanha cruel realidade que parece estar a aparecer aos meus olhos, que já me tolda a visão e me não deixa fazer uma refeição sem sentir náuseas pelo que te pode ter acontecido.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Porto - escapadinha.


Bye, bye, férias!

Ainda tenho uns dias pendurados… mas faltar-lhes-ão o sol, os dias maiores ou as noites (escolham), o calor, o espírito geral de boa disposição na cara das pessoas, para lhes dar o verdadeiro sabor a férias.

A não ser que… Pois, é. É isso mesmo. A não ser que eu vá ter com esse espaço / tempo. Logo se verá.

A semana teve o ponto alto no Porto. “Red Bull Air Race” foi o apelo principal.

Um pouco fora de tempo este post.

Dois dias a ver aeromodelismo em ponto um bocadinho maior, mas sem se ver ninguém em terra a puxar fios ou com rádio-comando nas mãos.

Incrível a precisão e rapidez dos movimentos daqueles brinquedos.

Incrível, também, o amontoado de gente que, como eu, resistiu ao sol escaldante de um céu límpido de verão em Portugal. Será que também já começaram a perder a pele?

Incrível, ainda, a experiência que vivi no sábado.

Saindo do Ipanema Hotel resolvi, prevendo uma maior enchente no Porto, levar o carro ao colo até ao outro lado e ficar em Gaia a apreciar a corrida.

No dia anterior, a pé, fui até lá e tive uma perspectiva completa da mesma. E uma vista maravilhosa da cidade do Porto, iluminada por toda aquela luz solar. Assim, repetiria a dose para a vista e ficaria com a viatura pronta a “levantar ferro” por forma a fugir à confusão da fuga ao fim do dia. Pensei.

Puro engano. Tive que estacionar no parque do Corte Inglês e tentar chegar lá abaixo, ao rio, a pé. O que também não foi possível. Trânsito cortado, até o pedonal (já estaria super-lotado o espaço!).

Foi subir outravez o que tinha sido descido e procurar dar um ar positivo “à coisa”.

O “Metro” ainda funcionava sobre a Ponte D. Luís. Porque não?

Meus senhores do metro do Porto, por favor alterem esse sistema de compra do “andante” (para quem não sabe - eu não sabia - é esse o nome que dão ao título de transporte). Verão que rapidamente ficarão a ganhar.

Complicado e mais uma carga ambiental. Vendem um cartão por pessoa e por viagem (ida ou ida-e-volta). Cartão magnético que se tem que validar antes de entrar no eléctrico - desculpem, no metro (do mal o menos) - mas que depois se deita fora.

Então para quê um cartão daqueles, tipo multibanco, que podia e devia servir para carregar viagens enquanto aguentasse?

No regresso, tive o gosto de atravessar a ponte a pé, vendo o Porto e Gaia lá de cima. Não perdem a beleza que têm quando se vêem de longe. Porque de perto… embora se notem muitas melhorias e se continuem a ver edifícios antigos com arquitectura impagável e painéis de azulejos riquíssimos em beleza, também se apercebem cantos e recantos de pobreza e abandono. O que é uma pena.




P.S.:
O seu a seu dono!
Afirmei que o "andante" se esgotava com uma passagem de ida ou de ida e volta passando, a partir daí, a fazer parte do lixo ecológico que enche os nossos espaços.

Não inventei, foi o que me disseram algumas pessoas do Porto, mesmo junto à máquina comedora de moedas.
O XISTOSA, que é um "tripeiro" de longos anos, informou que, afinal, o andante é recarregável. Ficam aqui a rectificação e as minhas desculpas. E o agradecimento ao Xistosa.