quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pedra filosofal do PSD

Hoje li no jornal “Público” (entre outros), que o PSD vai apresentar um programa eleitoral “minimalista”.

De imediato me lembrei de como têm sido fartos de promessas os programas dos partidos que, rotativamente, têm andado a cavalgar este passivo e pacífico povo luso de que orgulhosamente faço parte.

E assaltou-me a dúvida do que seria isso de programa minimalista, pequeno, simplista, exequível, ...

Será que é alguma antecipação, já certa, de que estas eleições estão ganhas e que, por isso, há só que assegurar linhas sintéticas e suficientemente abstractas para memória futura, para tudo ficar coberto e nada assumido, do mínimo ao máximo e, por isso, não haver falha possível a apontar na próxima corrida, ou é fruto de incapacidade de ir contra "a tal de crise” que ainda há poucos meses não existia, e muito menos era grave, mas que já começa a assentar nos discursos laranja da campanha pre-saborosa a governação?

Ufa, que lá vem mais do mesmo, para pior, já que não sendo o original, a cópia nunca sai melhor.

Entre um programa cheio de sonhos sob forma de promessas e um pífio de horizontes... venha o diabo e escolha.

"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
"

1 comentário:

Anónimo disse...

A PEQUENA PÁTRIA

A pequena pátria, a do pão;
a da água;
a da ternura, tanta vez
envergonhada;
a de nenhum orgulho nem humildade;
a que não cercava de muros
o jardim nem roubava
aos olhos o desajeitado voo
das cegonhas; a do cheiro quente
e acidulado da urina
dos cavalos; a dos amieiros
à sombra onde aprendi
que o sexo se compartilhava;
a pequene pátria da alma e do estrume
suculento morno mole;
a da flor múltipla e tão amada
do girassol.

Eugénio de Andrade