sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Dia do Exército. Colégio Militar. Polémicas... outravez.

De tempos a tempos, especialmente na última década, vem à baila a educação no Colégio Militar (CM) e a necessidade de acabar com a instituição (e a sua similar – PE), quase nunca frontalmente assumida. Ver agora o BE directamente envolvido nesta polémica é que me deixa meio confuso. Ou talvez não. Afinal, já é um partido do poder.

Para quem vive fora de Lisboa e não conhece o local onde se situa o CM – mas é mesmo só por esta razão – lembro que o colégio se encontra instalado numa área nobre da cidade, terreno de muitos hectares, ali mesmo ao lado do CCColombo e do Estádio da Luz, com a 2ª Circular a tocar um dos lados. Imagino, sem conseguir saber ao certo, em contado, o valor comercial do terreno e nem isso consigo imaginar quando se fala nos valores que podem resultar da especulação imobiliária a edificar no mesmo. Isto, claro, se o CM sair dali, o que espero nao venha a acontecer.

Ah, mas estava a falar da polémica da educação que se ministra e vive no Colégio Militar, agora a eventual caminho dos tribunais criminais, junto com alguns antigos alunos.

Concordo que, entre outras coisas, uma lambada que perfura o tímpano é coisa grave que necessita de correcção e, para aquele ambiente, especialmente de prevenção. Não sei se propriamente tão grave que leve o jovem daquela instituição, autor de tamanho crime, a sentar-se no banco dos réus e a ficar com um registo criminal que, com o tempo, se virá a ler difusamente mas sempre a ensombrar o seu futuro.

Ao que parece, uns pontapés no rabo de um miúdo, dados por outro miúdo, também merecerá tratamento criminal, clamam alguns.

Como sabemos, vivemos num país onde qualquer comportamento socialmente reprovável e reprovado leva o seu autor a responder pelo crime e a ser severamente punido. Não escapa, não tem escapado, nenhum. Somos um país exemplar, quase sem crimes!

Nas demais escolas públicas e privadas, mesmo sem estarem situadas em terrenos valiosos para fins imobiliários, não se vislumbram processos criminais a nascer, claro. Simplesmente porque não há, não tem havido, nada que se possa comparar ao que se passa no CM:

pontapés no rabo e murraças na face; lambadas de ferver; facas a cortar colegas ou, tão-só, a coagi-los a qualquer coisa; furtos e roubos de dinheiro e objectos, a colegas; comércio e consumo de drogas; professores a receber insultos e agressões físicas; instalações vandalizadas; etc; etc; e etc. Nada disso acontece. Por isso, os papás, aí, não se exaltam. Estou a ser propositadamente irónico, claro.

Também não acontece, nessas escolas públicas e privadas, terem aulas de manhã à noite, sem “furos”, e que vão das disciplinas curriculares normais, à equitação, à ginástica, à esgrima, a diversas modalidades de desporto, à disciplinar militar, etc, instalações condignas e bem mantidas, laboratórios e bibliotecas bem equipados, liberdade com responsabilidade. Claro que também existe o regime interno, com o elevado risco que é jovens terem que se auto-governar durante 24 horas sobre 24 horas, aprendendo a crescer juntos.

Fico estupefacto com pais de alunos do CM que se queixam, ou denunciam, criminalmente, porque os filhos, que eles decidiram meter na instituição, levaram uns pontapés, uma “galheta”, de um jovem adolescente, mesmo que tenha mais 2, 3 ou 5 anos em cima. E pergunto se o fariam no caso do mesmo filho sofrer o mesmo tratamento, ou pior, se estivessem numa outra escola.

Pergunto-me se inscreveram os filhos no CM conscientes da vida que forçosamente os aguardava, e era forçosamente previsível, ou se foram tão inconscientes que nem imaginaram isso ou, pior, apenas se limitaram a ir depositá-los em estabelecimento onde ficariam a dar-lhes (aos pais) liberdade 24 horas por dia, durante toda a semana útil.

Parece-me que - para além de realmente serem necessárias medidas para melhorar, seja lá o que for e o CM não foge à regra, é susceptível de ser melhorado, e a vida da instituição militar tem tradição mas sempre vai ter que se ir adaptando aos tempos, desde que não perca a sua identidade - parece-me, dizia, que a direcção do CM terá que passar a ser mais exigente nas provas de selecção, não só dos alunos mas, especialmente, dos pais dos potenciais alunos.

O meu filho foi aluno do CM. Ele sente muito orgulho disso e eu por ele o ter sido.

7 comentários:

Anónimo disse...

Na leitura dessa notícia, dei por mim a pensar o que estaria por trás dela.
Lendo a tua opinião, sou levada a concordar que poderá existir nela um, triste, fundo de verdade.
Num país onde a violência escolar é cada vez mais evidente, sem que se vislumbrem tomadas de decisões no sentido de minorar esse crescendo, deparamos com a constituição em arguidos de jovens, brilhantes estudantes, com um futuro promissor, por, alegadamente, terem utilizados métodos mais violentos para com os seus colegas.
Não posso concordar, a ser verdadeira, com a atitude por estes tomada. Deveria ter sido essa situação, se é que não foi, objecto de sanções por parte da própria Instituição, no sentido de as mesmas não voltarem a acontecer. Deveriam os jovens ter sido castigados e consciencializados que não tomaram a melhor das atitudes.
Agora, procedimento criminal! Quando nas escolas públicas se rouba, sem que nada aconteça. Maltratam física e psicologicamente colegas e alunos e, por medo, nada se faz.
Um colégio, concordando-se ou não com os seus métodos de educação, onde se têm formado grandes valores da nossa sociedade, homens íntegros, unidos por grandes ideais de onde sobressaem a amizade e camaradagem entre todos, deve ser encerrado?
O problema é que cada vez somos menos exigentes, contentamo-nos com o medíocre, aclamamos para os nossos filhos o facilítissimo das situações, sem nos darmos conta que a vida não é fácil e que eles o vão aprender da pior das maneiras.
Nos dias de hoje educar não é repreender, não é chamar a atenção para o que está mal e não deve ser feito, educar é fazer o que os jovens exigem que se faça... são eles que comandam.
Levei muitas lambadas dos meus pais, e não morri, nem sou traumatizada e nem nunca tive de ir ao psicólogo. Aprendi que se quero muito uma coisa, tenho de lutar para a ter. Lutar eu, pelos meus meios, não contar que os meus pais lutem por mim e me ofereçam de bandeja aquilo que sou eu que quero.
Nunca os meus pais me permitiram uma falta de educação para com os meus professores e muito menos para com eles próprios. E, caso eu tentasse, como é típico de uma rebeldia juvenil, era castigada. E isso é mau? Isso tornou-me uma pessoa infeliz?
Não!! Tornou-me num ser humano educado, respeitador e que valoriza as pequenas coisas que a vida oferece.
Estes jovens, cheios de facilidades, tratados pelos pais como seres menores, são os maiores clientes de psicólogos.
Estes pais, modernos e actuais, é que deviam ter sido educados em instituições como o Colégio Militar ou os Pupilos do Exercito e tenho a certeza que teriam mais bases para educarem correctamente os seus filhos e darem a este país uns jovens que o enchessem de orgulho e lhe dessem esperança no futuro.
Que nunca acabem com Instituições que continuam, contra tudo e todos, a valorizar e transmitir as regras básicas de uma vida em Sociedade.

FA

F. J. Branquinho de Almeida disse...

Apenas para manifestar o meu aplauso a este texto bem "esgalhado", na forma e no conteúdo.

Felicidades,

B.A.
O Colégio Militar e a polémica recente

F. J. Branquinho de Almeida disse...

http://vouguinha2.blogspot.com/2009/10/colegio-militar.html

xistosa, josé torres disse...

Desculpa lá, mas acende a luz do blog, (ou serei eu que estou cegueta?), queria colocar o comentário e nem se viam "os degraus".
Já me ia embora quando tive a feliz ideia de passar o cursor ...
Não pode ser ...

Bem, mas continuemos.
Por isso tudo que escreveste é que na grandiosa manifestação estavam 2 mães.
Parece-me que isto resume tudo.
(Não elimina a responsabilidade por actos informes, porque em todo o lado há os animalescos que a coberto duma pseudo impunidade dão vazão aos seus instintos mais baixos)
No CM não se foge à regra, ou melhor, foge-se, porque há meninos da mamã.

Não me alongo mais porque pode sair algo desagradável.
Só espero que não seja no meu tempo que haja andares para vender, no que foram os terrenos do CM.
Os abutres, ao contrário do que os ecologistas, verdes, amigos de animais, etc., dizem, não estão em instinção.
Estão em expansão1

Um abração.

AGRIDOCE disse...

FA,
Obrigado pelo teu post em forma de comentário ao meu.

AGRIDOCE disse...

B.A.
Obrigado pelas palavras de apoio e pela visita. Um agradecimento por dar a conhecer o seu canto, que já visitei e gostei. Um destes dias vem aqui para o lado direito.

AGRIDOCE disse...

XISTOSA,
Já tentei resolver o problema das intermitências azuis (logo eu que sou do Glorioso, que agora está com Jesus).
Desde que coloquei os Slideshows do Flickr que comecei a ter esse problema. Mas garanto que não é um processo meu de "escutas indevidas" :)))).
Ando cada vez com menos tempo. Eu já sabia que depois dos vinte e cinco, depois dos vinte e cinco, o tempo começa a falhar, mas assim tanto... é que não. Vou ver se arranjo alguma forma de enganar o tempo e a sua falta.
Inté