domingo, 9 de dezembro de 2007

Cimeira União Europeia-África em Lisboa


Tervuren - BE
Hoje foi dia de encerramento da Cimeira Europa-África.

Sendo um evento da União Europeia (será que já e ainda existe?), Lisboa e Portugal ficam-lhe ligados.

Ainda é cedo para se saber a totalidade dos seus resultados mas, do que transbordou, tudo indica que terá um balanço positivo.

Parece que começam a soprar os ventos de fim às desculpas pelo estado em que se encontram muitos dos países africanos por terem sido colonizados, por tudo quanto aconteceu em quinhentos anos e, também, pelo que continua a acontecer naquele continente, passado que é "meio século" sobre os processos de descolonização.

Como se a história mundial deixasse muito espaço a povos que não tenham sofrido, de uma ou outra forma, por mais ou menos tempo, invasões, saques, colonizações, aculturações, … e isso tivesse que servir de desculpa para os seus governantes nada fazerem pelos seus países. Ou até como se isso não tivesse sido o caldo que moldou e tem moldado o mundo como o conhecemos, para o bem e para o mal, pois claro. Humanos !

Esperemos que o complexo de inferioridade dos países colonizadores também sejam apanhados por esses ventos de mudança!

Afinal, há povos e países ditos colonizadores com recursos naturais bem mais escassos que os dos ditos colonizados e que continuam, à conta desses complexos, a portarem-se como uma entidade de misericórdia, quando é certo que esses recursos naturais são explorados, por técnicas ultrapassadas, mas cada vez mais por meios de última geração, e permitem a "meia dúzia de colonizados" ligados ao poder viverem e terem riquezas incalculáveis espalhadas pelos quatro cantos do mundo, incluindo no seu próprio canto, deixando os seus no maior índice de sub-desenvolvimento que é possível imaginar.

Sabemos que há efeitos que os povos não conseguem apagar em pouco tempo. Muitos deles hão-de perdurar por muito mais tempo. Muitos outros, seria bom que se mantivessem e se melhorassem no futuro.

Será que não é chegado o momento de Portugal, do Estado Português, fazer alguma coisa quanto àqueles que por esses terrritórios, onde defenderam a bandeira portuguesa, ora trabalhando no sector privado, ora no público, na vida civil ou dando o "corpo fardado ao manifesto", ao longo de gerações, ajudaram ou foram mesmo a principal mola impulsionadora do desenvolvimento sócio-económico a que os mesmos chegaram ?

Não falo daqueles que apenas lá investiram sem lá colocarem um pé, controlando à distância, do continente europeu, os lucros que retiravam disso, mas dos outros.

Que é feito dos processos de indemnização que foram accionados contra o Estado português por estes portugueses que tudo perderam, incluino, muitas deles, vidas de familiares?

Não será tempo de o Estado português se entender com os seus cidadãos, independentemente do entendimento que tiver com os Estados dos seus ex-territórios ?

É tempo de se começar a fazer justiça aos cidadãos que tudo perderam por um processo mal conduzido. E muitas portas já foram deixadas abertas ao Estado para que se chegue a bom termo.

Esperemos que os ventos de mudança cheguem aos Estados colonizadores e colonizados.

Mas, como foi afirmado nesta cimeira, mudar a página não significará esquecer.

Para todos os lados, espera-se.

3 comentários:

xistosa, josé torres disse...

Foi rápida a cimeira e só para o ano no IRS e IRC é que TODOS a vamos pagar.
Todos os ditadores presentes se transformaram em cordeiros, (durante umas horas - outros nem horas resistiram, veja-se o caso Kadhafi).
A mulher do Eduardo dos Santos e de outros santos pretos, continua(ram) a meter-se no jacto privado do marido e vem fazer compras ás capitais europeias, (Lisboa fica fora de rota!).
Foi um discutir nenhures algures em paz Merkel não quis que perdurem.
Foi a única que tentou dar umas facadas ...
Talvez na próxima encarnação, se a Terra existir, haja menos ditadores a desfilar impunemente em Lisboa.
E ainda se arvoraram em ladrões ao roubarem as filmagens da RTP1.

Escolheram mal a segurança .. o Kadafhi seguiria a nado par a Líbia pela mesma rota que as bateiras dos traficantes de carne, trazem a mão d'obra para as fogueiras de Espanha; Itália e até portugal ...

Anónimo disse...

J'ai visité ce musée d'Afrique à Tervueren et ses jardins sont très agréables. Seulement ce musée est le témoin d'un passé pas très glorieux en termes humains et cela se ressent dans l'atmosphère de ce lieu. Les objets exposés témoignent d'une époque colonialiste écrasante.
Aujourd'hui on parle Egalité des chances, etc. mais dans la réalité la xénophobie est ultraprésente dans nos sociétés et pas seulement pour les gens qui n'ont pas la même couleur de peau. Dans nos écoles élitistes peu cosmopolites, aux parents à être attentifs. Dans les écoles supérieures pour adultes, il y a de ça aussi. Au sein de l'Europe, il existe une tolérance envers les différents peuples mais aussi un vrai racisme. A l'heure de l'Europe, c'est l'Europe des régions qui se précipite.

Anónimo disse...

A death for a dream

I have a dream
"...
I have a dream today.
I have a dream that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plains and the crooked places will be made straight and the glory of the Lord shall be revealed and all flesh shall see it together. »

Martin Luther King